Sete cidadãos de Glória do Goitá, reunidos no Tribunal do Júri, deverão decidir pela condenação ou absolvição de Edson Cândido Ribeiro, acusado pela prática de feminicídio contra a ex-companheira Kauany Mayara Marques da Silva.
Esse foi o resultado da atuação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) no processo 0125-55.2022.8.17.2650, que obteve ontem (20), ao fim da etapa de instrução processual, decisão de pronúncia favorável ao entendimento de que o acusado praticou homicídio qualificado por motivo torpe, uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (Art. 121, § 2º, incisos I, IV e VI do Código Penal).
“O crime de homicídio tem um julgamento diferenciado, que é o júri popular. Ele é dividido em duas fases: ontem concluímos a instrução processual, na qual o Ministério Público comprova a materialidade do crime e indícios de autoria. Com a decisão de pronúncia favorável ao pedido do MPPE, a Justiça determina que ele será julgado pelos seus pares, a comunidade de Glória do Goitá”, detalhou a promotora de Justiça Soraya Dutra, que atuou durante a fase de instrução processual.
Na audiência de ontem, o MPPE arrolou oito testemunhas e duas informantes. Todos foram ouvidos em juízo e contribuíram com elementos de prova relevantes para a elucidação dos fatos. O Judiciário pronunciou o acusado nos termos requeridos pelo Ministério Público; em seguida, a Defensoria Pública apresentou recurso, que será apreciado no decorrer do processo.
Relembre o caso – a promotora de Justiça Soraya Dutra apontou ainda que o caso teve grande repercussão na Comarca de Glória do Goitá, notadamente pela forma como foi realizado.
“O acusado tinha uma relação com a vítima, uma jovem de 19 anos que não queria mais continuar com Edson, que não aceitou. Após cometer o crime, na noite de 29 de janeiro de 2022, ele retirou o corpo da vítima e despejou em um bueiro. Horas depois, ele ainda perseguiu outras mulheres, tendo estuprado e matado outra vítima, Jailma Muniz, crime que é objeto de outro processo. Pela forma como executou esses crimes e fugiu da Polícia, tendo sido buscado por oito dias, ele gerou uma revolta na comunidade local”, ressaltou a promotora de Justiça.
O acusado encontra-se preso preventivamente em unidade prisional, a fim de assegurar a segurança pessoal dos parentes das vítimas e testemunhas, a manutenção da paz social e a garantia da instrução judicial. Ele já foi pronunciado no âmbito do processo que diz respeito à morte de Jailma Muniz.