Praticamente todas as pessoas podem desenvolver a doença, que com tratamento adequado, pode ser revertida.

Enxergar embaçado, como se algo atrapalhasse a nitidez ou estivesse sujo, nebuloso, manchado e, em alguns casos, sem cor são algumas das características atribuídas à visão de quem tem catarata, doença ocular que afeta 350 mil pessoas no Brasil, segundo a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB).

Considerada a maior causa de cegueira reversível do mundo, a catarata faz parte dos 60% das doenças oculares que causam a cegueira, mas que são tratáveis ou reversíveis. Seus primeiros sinais podem ser notados ao sentir dificuldades em atividades corriqueiras, como dirigir, ler, assistir televisão e até mesmo notar um espalhamento de luz.

De acordo com o oftalmologista João Luis Vilaça, do Hospital da Visão de Pernambuco, praticamente todas as pessoas podem desenvolver a catarata, que, segundo ele, é o envelhecimento natural do cristalino, uma lente que fica na íris. 

“A catarata pode ser senil, que é quando está associada à idade; congênita, quando já se nasce com ela; e secundária, quando pode ser provocada por fatores diversos. Mais de 80% dos casos são do classificadas como senil, acometendo pessoas acima dos 60 anos, o que é natural. Quanto mais se vive, maior é a probabilidade de se desenvolver catarata”, diz. “Uma outra ocorrência da catarata também é vista em pessoas que sofreram algum tipo de acidente e tiveram um trauma no olho, e esse trauma pode desencadear uma catarata”, complementa João Luis.

No entanto, o especialista explica que, apesar de natural, ela pode ser acelerada por conta de alguns fatores.

“Diabéticos descompensados, tabagistas, pessoas que utilizam medicamentos com corticoide ou pacientes que estejam realizando tratamento com radioterapia estão mais propensos acelerar o processo de desenvolvimento da catarata”, pontuou Vilaça.

Membro das sociedades pernambucana, brasileira, americana e europeia de Catarata, João Vilaça expõe que, se tratada de forma precoce, a cegueira – ainda que reversível – poderia ser evitada.

“A catarata provoca a cegueira quando não se tem o hábito de frequentar ou não se tem acesso a um oftalmologista. O problema surge, e o paciente vai deixando evoluir, até chegar em um ponto que impede a visão”, esclareceu o sócio do HVisão.

Tratamento e indicações

Só há um tipo de tratamento para a catarata: a cirurgia. Chamada de facectomia. Há também a facoemulsificação, que é quando tem o implante de uma lente ocular. Mas antes de realizar a cirurgia, existe o exame que, além de diagnosticar, mostra como está o cristalino, que é a biomicroscopia.

“Nesse exame, é possível ver que o cristalino perdeu a transparência, ficando com um tom amarronzado ou amarelado”, detalha Vilaça.

Apesar de ser o único método capaz de curar a doença, a cirurgia nem sempre é indicada de forma imediata.

“são indicados para a cirurgia os pacientes que não conseguem exercer as suas atividades costumeiras. Se está atrapalhando, há a indicação. Uma avaliação oftalmológica permite descobrir o momento ideal para fazê-la. E, embora não seja urgente, ela pede uma realização breve, sem precisar esperar a catarata amadurecer”, finaliza João Luis. Pouco perigosa, a cirurgia garante ainda uma rápida reabilitação do paciente.