Critérios para serviços serem essenciais em Pernambuco vão de contra à própria lógica.
O isolamento é necessário para o combate efetivo do coronavírus, isso não se discute mais. Mas, os critérios adotados pelo Governo de Pernambuco para o que é essencial e o que não é estão bem longe de seguirem uma lógica aceitável e até mesmo justa.
O que dizer por exemplo de óticas, clínicas de olhos e até clínicas do segmento ambulatorial não terem permissão para funcionar, ao mesmo tempo em que concessionárias de veículos terem essa liberdade e direito? Ao que compete a lógica do governo estadual, atendimento ambulatorial tem menor relevância se comparado a compra de um veículo zero quilômetro.
Uma das grandes contradições neste ponto é um segmento que insere novos veículos nas ruas estar funcionando, quando ao mesmo tempo atendimentos como do Detran estão interrompidos. É claro e evidente que a classe menos beneficiada com as concessionárias abertas no momento é a dos mais pobres e justamente os que estão sofrendo os maiores impactos econômicos da pandemia neste momento.
Fica até difícil o Governo do Estado de Pernambuco justificar que algumas medidas não estão carregadas do interesse de beneficiar classes mais altas, como os fabricantes e revendedores de veículos que possuem considerável domínio de porcentagens econômicas do estado. O isolamento é necessário, o isolamento seletivo é injusto.
Por Bruno Muniz