Cotidiano Hotéis de Pernambuco já registram cancelamentos após decreto do governo do Estado

Hotéis de Pernambuco já registram cancelamentos após decreto do governo do Estado


Trade diz que foi pego de surpresa pela proibição das festas privadas de Natal e Ano-Novo.

O cancelamento das celebrações públicas de Natal e Ano-Novo já era de certa forma esperado, devido ao aumento da ocupação de UTIs por pacientes com covid-19 em Pernambuco. Mas as restrições impostas pelo decreto 49.891 do governo do Estado às festas privadas pegou de surpresa empresários do segmento de eventos e do trade turístico, que ainda demonstram dúvidas em relação ao teor do documento.

A principal queixa é em relação à demora na tomada da decisão e aos prejuízos decorrentes dela.

“Questionamos por que só agora, a menos de um mês dos eventos, isso foi anunciado, uma vez que a hotelaria vem cumprindo corretamente os protocolos, sendo até elogiada pelo próprio governo. Quem trabalha certo acaba pagando o pato”, desabafa Carolina Oliveira, diretora do Park Hotel, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Segundo a executiva, a ocupação de novembro já havia atingido o mesmo patamar de 2019 (60%). Agora, no entanto, o cenário começa a preocupar, com solicitações de cancelamento para feriadão do fim do ano.

O Grupo Pontes, que mantém o Mar Hotel e o Atlante Plaza, também em Boa Viagem, além do Summerville, em Porto de Galinhas, é outro que já registra redução de reservas.

“Sim, sentimos uma perda no número de turistas de Recife, mas não existe outra possibilidade neste momento, a não ser nos adaptarmos e fazermos tudo dentro do previsto nos protocolos”, afirma a diretora de Marketing da empresa, Carol Pontes. Segundo a executiva, jantares continuarão sendo oferecidos no Natal e no Ano-Novo nos três hotéis, mas com distanciamento de mesas, sem dancing e com uso obrigatório de máscaras durante a circulação das pessoas. 

Tradicionalmente mais dependente do turismo de negócios, que ainda está praticamente paralisado, a capital pernambucana vinha conseguindo um bom desempenho entre os viajantes a lazer desde a reabertura da economia.

“A ocupação média estava em 40%”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABIH-PE), Eduardo Cavalcanti. Para o fim do ano, a perspectiva era atingir 78% da capacidade de leitos da Capital, segundo dados da Empetur. Com o cancelamento do réveillon, é quase inevitável um recuo desse percentual. 

Em 2019, a ABIH-PE registrou uma ocupação superior a 96% na rede hoteleira de Recife durante as festas de fim de ano. A Prefeitura do Recife estima que mais de um milhão de pessoas acompanharam a virada.  Este ano, será preciso se contentar com as lives, segundo a secretária municipal de Turismo, Ana Paula Vilaça.

“O decreto frustra o que vinha sendo planejado, mas de qualquer forma já não haveria palco na Avenida Boa Viagem. Vamos trabalhar a ideia de as pessoas ficarem em casa e promover programações online para que possam ter uma alternativa e receber uma mensagem de esperança e de solidariedade”, resume.

Nos bares e restaurantes, a perspectiva é outra. Embora o segmento tenha sido autorizado a continuar funcionando nos moldes atuais (veja arte no fim do texto), o presidente da Abrasel em Pernambuco, André Araújo, destaca que ainda tentará negociar com o governo do Estado a manutenção das confraternizações de fim do ano.

“Vínhamos desenvolvendo um bom trabalho para isso. De 288 bares fiscalizados, apenas 13 foram interditados (5,7%). O setor vem atendendo às exigências”, pontua. 

LITORAL NORTE

No Litoral Norte, os cancelamentos já chegam a 8% no Orange Hotel, na Ilha de Itamaracá.

“Recebemos pedidos para cancelar e para adiar reservas de gente com medo de um novo lockdown. O governo sempre nos pega em cima da hora”, diz a proprietária do empreendimento, Annelijn Hoek.

Já na vizinha Igarassu, os efeitos ainda não foram sentidos na Pousada Luar, que promoverá apenas uma ceia, com som ambiente e queima de fogos sem ruído para atender aos protocolos de segurança sanitária. 

LITORAL SUL  

Adaptação é a palavra de ordem em Porto de Galinhas, no Litoral Sul, também para cumprir as medidas e garantir a vinda dos hóspedes. Os hotéis que haviam planejado réveillons maiores já estão revendo a programação.

“A atração musical deixará de ser um sambão e ficará por conta de uma banda tranquila”, diz a gerente comercial do Grupo Armação, Valéria Gordilho.

No Porto de Galinhas Resort & SPA, o show com banda foi substituído pela apresentação de uma DJ residente. 

O presidente do Convention Bureau do destino, Eduardo Tiburtius, destaca que ainda não há “movimento perceptível de cancelamento”, embora operadoras de turismo já estejam buscando informações sobre o decreto e novas possíveis restrições. “Sabíamos que o réveillon seria diferente. Estávamos nos preparando para um evento menor, mais contemplativo do que festivo, com as pessoas sentadas e protocolos mais parecidos com os de restaurantes, sem dancing. Só esperamos que isso ainda seja possível”, ressalta Tiburtius, estimando uma ocupação média entre 60% e 70% nos hotéis de Porto de Galinhas neste fim de ano. 

Mesmo antes do novo decreto estadual, o Réveillon Carneiros decidiu cancelar a festa prevista para 1.200 pessoas, que custaria em torno de R$ 3.800.

“Entendemos que o momento exige cautela”, afirma o empresário Henrique Gomes. 

Também empresário do setor de festas e eventos, Ronald Menezes se diz “frustrado” por ter que cancelar a festa que preparava para 600 pessoas em cima da hora. “O maior prejuízo é para produtores, DJs, cantores, os profissionais que dependem desse tipo de evento”, salienta.  

FERNANDO DE NORONHA

Em Fernando de Noronha, o empresário José Maria Sultanum, conta que perdeu a reserva para 13 apartamentos na sua pousada, após o cancelamento da tradicional festa da virada de ano, que este ano seria reduzida de 2.500 para 500 pessoas.

“É lamentável que só agora surja o anúncio, e não antes das eleições. Em turismo, exige-se preparação com antecedência”, reclama.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Bruno Schwambach, justifica que o decreto é voltado sobretudo para controlar os excessos cometidos em festas e shows de grande porte, “segmentos que estavam desvirtuando as permissões concedidas”. “Os demais estão liberados, desde que cumpram os protocolos”, reforça.

AGRESTE

A proibição de realizar festas públicas levou a Prefeitura de Garanhuns a cancelar toda a programação artística do evento A Magia do Natal, que teve início em 12 de novembro e iria até o dia 6 de janeiro de 2021 na cidade do Agreste de Pernambuco. Agora, restará apenas a decoração.

Para a hotelaria e toda a cadeia produtiva do turismo, que contavam com o período para recuperar parte dos prejuízos de 2020, a perda agora será praticamente total.

“Estávamos animados com o evento, mesmo sabendo que não seria nada comparado a 2019, mas hoje (terça) já recebemos ligações com desistências e não há como repor esse prejuízo porque hotel é serviço”, diz a supervisora de vendas do Palace Hotel de Garanhuns, Ju Góis.

No Hotel Tavares Correia, a expectativa era conseguir voltar a fechar as contas. Em novembro, o administrador, Paulo Tavares Correia, se mostrava otimista já com os 20% de hóspedes garantidos para o Natal. Agora, o cenário é de desalento.

“Isso impactará na desaceleração da economia e a consequência principal é o desemprego de pessoas”, vaticina.

Segundo dados da Empetur, Garanhuns era o segundo destino com maior ocupação hoteleira prevista para o Natal, com 81%, depois de Bezerros (100%) e seguido de Itamaracá (80%), Recife (69%), Ipojuca (56%) e Fernando de Noronha (52%).

Em 2019, a cidade recebeu cerca de um milhão e meio de visitantes durante o período natalino, com aumento de 87% na ocupação hoteleira e de 64% nas vendas do comércio, resultando numa movimentação econômica de R$ 40 milhões.

Bruno Muniz 10 dez 2020 - 9:33m

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