O Brasil ainda precisa da reforma, mas pandemia foi a cortina de fumaça que a classe política almejava.
Usuários das redes sociais, leitores e telespectadores dos jornais sabem bem que em 2019 um dos assuntos mais comentados no Brasil foi a Reforma Política, uma verdadeira transformação prevista para o Congresso e que impactaria todo o país como nunca havia se visto antes. O discurso que endossou a tal reforma foi justamente a mudança presidencial que também levou para o Congresso Federal uma série de novos nomes que a defendiam alegando ser aquele o momento ideal de transição no cenário político brasileiro.
Não se resume ao cotexto de direita. Em 2019 vimos nomes inclusive da esquerda defendendo a dita reforma que previa mudanças significativas que atenderiam os interesses da maior parcela da sociedade brasileira. Pauta de discursos e reuniões em plenário, a Reforma Política foi tão falada quanto a Reforma da Previdência, mas, ficou apenas nisso. É difícil dizer se o tema ainda se manteria forte não tivéssemos enfrentando esta pandemia já que a classe política poderia facilmente ter esquecido a sua importância mesmo diante de um cenário de estabilidade econômica e social.
Verdades sejam ditas, a reforma tema deste texto nunca foi de interesse da maioria da classe política que atua no Congresso. Fosse o contrário, ela teria sido aprovada sem sequer passar por tantas comissões ou ser alvo de cobranças por parte de alguns deputados. Até mesmo os nomes que mais a defendiam durante uso da tribuna hoje não comentam mais sobre o assunto. Não é exagero dizer também que é a própria classe política que mais tem a “perder” diante de uma mudança estrutural do atual contexto político do país, sobretudo as regalias e vantagens contidos nos cargos públicos federais.
Para se ter ideia, temas como a criminalização do tão falado ‘caixa 2’ não avançaram junto com a reforma, além de outro lamentavelmente quase utópicos como a obrigatoriedade para que políticos cumpram com as promessas feitas durante a campanha. Ou seja, se um dia estivemos próximos de uma reforma no âmbito político, hoje certamente estamos distantes dela outra vez.
Por Bruno Muniz | Todas as opiniões expressas neste editorial são de total responsabilidade do seu idealizador.