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Dr. Carlos Queiroz Maia (Foto: Reprodução de Arquivo Pessoal) |
Há algum tempo, em meu consultório, o assunto que mais é falado, além da queixa médica, é a falta de segurança pela qual passa a nossa cidade. Pessoas que falam da tristeza de ver bens que foram conseguidos depois de longas noites e dias de trabalho irem embora em segundos; da angústia e medo no olhar de seus filhos na presença de assaltantes dentro de sua casa; da dor física e, principalmente, moral, quando da coronhada na cabeça mesmo sem reação ao assalto.
Eu digo a vocês que não tenho esperanças que isso acabe. Nos meus 61 anos de idade, nunca ví o meu país, o meu estado e o meu município tão entregues a... ao quê? Sei lá... Não sei a que estão entregues!
E o pior é que não temos a quem reclamar, a quem implorar. Se formos falar com o poder municipal vão nos dizer que a segurança é assunto federal e estadual, cabendo ao município limpar as ruas, acabar com todos os buracos das avenidas da cidade, cuidar da saúde e da educação, etc.
Se formos ao governo federal, aquele que está fazendo a duplicação da estrada entre Toritama e Pão de Açúcar, ele vai dizer que a segurança é do estado. Se formos ao governo estadual, aquele que está fazendo a duplicação da estrada entre Pão de Açúcar e Santa Cruz, ele vai dizer que o Programa Não Sei o Quê já baixou a violência de "não sei quantos por cento" para "não sei quantos por cento" e que nunca, na história desse estado, a violência está em níveis tão baixos.
As únicas coisas em que esses poderes (federal, estadual e municipal) estão unidos são: campanha política, cobrança de impostos e a busca de formas e fórmulas para a perpetuação do poder.
Da janela da meu apartamento eu sou capaz de reconhecer uma pessoa que está na calçada da academia que frequento, mas sou incapaz de ir até lá caminhando, pois tenho medo. Tenho medo de atravessar a rua e ir à casa do vizinho; se avistar uma moto com piloto e carona, não vou.
Tenho medo de ir a um restaurante (arrastão). Aqueles que querem explicar o inexplicável dizem que "está assim em todo lugar". Concordo. Mas, em Santa Cruz, a sensação de insegurança alcançou níveis insuportáveis. Ou... pode ser que só eu estou me sentindo assim!!! Que sou um covarde!!!
Geralmente acabo os textos que escrevo com uma opinião para solucionar um problema, com uma mensagem de esperança, mas, hoje, não tem jeito, não sai nada.
De qualquer forma, vou tentar: FIQUEM EM CASA!!!
Por: Dr. Carlos Queiroz Maia